Nordkapp Tunnel, um túnel submarino com 6875 metros de comprimento e 212 metros de profundidade. Essa obra-prima da engenharia norueguesa possui portas automáticas anti-congelamento, bombas automáticas de sucção de água salgada, cabines de emergência e potentes ventiladores com filtros para exaustão de poluentes.

Trazendo um trauma claustrofóbico de infância, estudei essa travessia durante seis meses, assistindo a vídeos e me colocando em situações que me proporcionassem uma experiência um pouco similar.

Iniciei a sua travessia no dia 19 de agosto de 2019, às 12h10. Nesse dia, lidei com meu medo, minhas angústias e, porque não, a possibilidade de uma derrota, que a azedaria por completo o grande desafio dessa expedição, a chegada a Nordkapp, o último extremo norte do planeta.

Foram vinte minutos tensos embaixo do mar e um frio de cinco graus, sem orientação de distância percorrida, apenas com a marcação de tempo.

Nesse vídeo de menos de dois minutos, é possível perceber uma das estratégias que utilizei para enfrentar meu pavor naquele momento. Concentrado e focado a concluir essa etapa, dei minhas costas ao túnel e pedalei duzentos metros em sentido oposto, como um derrotado deprimido. Logo depois, virei a bicicleta, encarei o monstro de frente e acelerei ao máximo que podia, até ser engolido e sugado pelos ventiladores.